Páginas

sábado, 31 de julho de 2010

Editais abertos

Prezad@s

Solicitamos a mais ampla divulgação - junto as diversas redes e comunidades universitárias e de pesquisadores, entre outras -, dos editais listados abaixo, tendo em vista a proximidade dos prazos finais e a relevância dos mesmos para as atividades que vem sendo desenvolvidas na região:

Edital de Seleção de Incubadoras de Empreendimentos Culturais e Artísticos
http://www.cultura.gov.br/site/2010/06/10/edital-de-selecao-de-incubadoras-de-empreendimentos-culturais-e-artisticos/
Inscrições até 14 de agosto

Edital de Publicação sobre Arte Brasileira Contemporânea
http://www.cultura.gov.br/site/2010/07/23/edital-de-publicacao-sobre-arte-brasileira-contemporanea
Inscrições até 30 de agosto

Prêmio Publicações em língua estrangeira de Arte Contemporânea
http://www.cultura.gov.br/site/2010/07/07/premio-publicacoes-em-lingua-estrangeira-de-arte-contemporanea
Inscrição até 9 de agosto

Prêmio Estudos e Pesquisas sobre arte e economia da arte no Brasil
http://www.cultura.gov.br/site/2010/07/07/premio-estudos-e-pesquisas-sobre-arte-e-economia-da-arte-no-brasil
Inscrições até 9 de agosto

Concurso Nacional de Pesquisa sobre Cultura Afro-Brasileira, Comunidades Tradicionais e Cultura Afro-Latina
http://www.cultura.gov.br/site/2010/07/07/concurso-nacional-de-pesquisa-sobre-cultura-afro-brasileira-comunidades-tradicionais-e-cultura-afro-latina
Inscrições até 16 de agosto

Edital Prêmio de Pesquisa em Cultura – Políticas Públicas de Cultura
http://www.cultura.gov.br/site/2010/06/16/edital-premio-de-pesquisa-em-cultura-%e2%80%93-politicas-publicas-de-cultura
Inscrições até 16 de agosto

Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 - Edição Patativa do Assaré
http://www.cultura.gov.br/site/2010/06/08/premio-mais-cultura-de-literatura-de-cordel-2010-edicao-patativa-do-assare
Inscrições até 30 de julho

Edital de Fomento à Produção, Difusão e Distribuição de Livros em Formato Acessível
http://www.cultura.gov.br/site/2010/06/07/edital-de-fomento-a-producao-difusao-e-distribuicao-de-livros-em-formato-acessivel
Inscrições prorrogadas até 9 de agosto

Prêmio Mário Pedrosa - Museus 2010
http://www.cultura.gov.br/site/2010/06/04/premio-mario-pedrosa-museus-2010
Inscrições até 30 de setembro

Concurso Sílvio Romero de Monografias sobre Folclore e Cultura Popular edição 2010
http://www.cultura.gov.br/site/2010/06/04/concurso-silvio-romero-de-monografias-sobre-folclore-e-cultura-popular-edicao-2010
Inscrições até 30 de julho

Prêmio Funarte de Composição Clássica
http://www.cultura.gov.br/site/2010/04/09/premio-funarte-de-composicao-classica
Inscrições até 30 de setembro

Prêmio VivaLeitura - 2010
http://www.cultura.gov.br/site/2010/03/23/premio-vivaleitura-8
Inscrições prorrogadas até 2 de agosto

Participem!!!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Seminário de Línguas e Literaturas Clássicas - UFPE

III Seminário de Línguas e Literaturas Clássicas: As Forças Renascentistas

Data: 01 a 03 de setembro de 2010.

Local: Centro de Artes e Comunicação da UFPE – Miniauditório 2.

Chamada para envio de resumos.

Temáticas gerais:
- literatura greco-latina;
- resgate do clássico na literatura renascentista;
- presença do clássico na literatura contemporânea.

Prazo para envio de resumos: até 01/08/10.

Maiores informações sobre inscrições, normas de envio de resumo, minicursos e programação, acesse:
http://seminarioclassicas.wordpress.com/
Contato:
seminarioclassicas@gmail.com
Organização: Prof. Dr. Alexandre Maia & Anuska Vaz

ANTOLOGIA

Lançamento do livro "Paisagens da Memória", organizado pelos escritores Carlos Cavalcanti, Lourdes Nicácio e Telma Brilhante, na próxima sexta-feira, dia 30/07/2010, às 18h30min, na Biblioteca Pública de Pernambuco (Parque 13 de maio).
Prestigie(m)!!!

Histórias de quem conta histórias



Lançamento do livro "Histórias de quem conta histórias", organizado por Lenice Gomes e Fabiano Moraes, com ilustrações de Ciça Fittipaldi, no dia 30 de julho de 2010, às 17h., no Simpósio Internacional de Contadores de Histórias, no Rio de Janeiro.

Em breve, aqui, no Recife. Aguarde(m)!!!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

LUÍS JARDIM

LUÍS JARDIM, CENTENÁRIO E PÓS-MODERNO*

Francisco Mesquita

Em que pese a contradição inicial do título deste texto (uma vez que o pós-moderno liga-se ao contemporâneo, à novidade), pretendemos abordar algumas características da obra de Luís Jardim no intuito de destacar o caráter atemporal e atual de seus textos. Por uma questão meramente didática, estaremos nos detendo apenas nos contos escritos por esse autor.

Luís Jardim nasceu em Garanhuns, no dia 08 de dezembro de 1901, mas transferiu-se para o Recife, na adolescência (devido à hecatombe). E, em 1936, mudou-se para o Rio de Janeiro. Já em 1938, ganhou o Prêmio Humberto de Campos, com o livro Maria Perigosa; superando, inclusive, o livro Sagarana, de Guimarães Rosa.

Com a publicação desse livro, Luís Jardim alcançou a consagração e o reconhecimento imediatos. Mário de Andrade, Wilson Martins e Monteiro Lobato foram alguns dos muitos críticos da época que louvaram o seu livro de contos, alçando-o ao nível de um restrito número de escritores brasileiros.

A obra jardiniana teve, portanto, além de suas características particulares, a responsabilidade de inaugurar um novo percurso nas letras modernistas (e, particularmente, nordestinas): o conto. A literatura modernista, especificamente da 2ª fase – a do Regionalismo (da década de 30) – revelou diversos romancistas, entre os quais: Gilberto Freyre, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego e Graciliano Ramos. Mas, para além das divergências estilísticas, o nosso regionalismo não produziu grandes contistas... Até o surgimento de Luís Jardim.

Maria Perigosa é um livro que atravessou gerações (de 1938, teve uma 2ª edição (ampliada) em 1959, e alcançou a 6ª edição em 1981), apesar disso não é muito conhecido da atual geração de leitores (nem mesmo entre seus conterrâneos). Também Luís Jardim atravessou gerações como escritor, tendo publicado: As confissões de meu Tio Gonzaga (romance, 1949), Isabel do Sertão (teatro, 1959), O meu pequeno mundo (memórias, 1979) e O ajudante de mentiroso (novela, 1980). Ou seja, a multiplicidade da obra jardiniana pede um levantamento crítico muito mais amplo e aprofundado do que este breve recorte que ora efetuamos.

Jardim vivenciou as transformações da Modernidade e da Pós-Modernidade literárias. O sertão em que se movem algumas de suas personagens reflete os sertões de José Lins do Rego, de Graciliano Ramos, de Guimarães Rosa etc. Por conta disso, muitas das características da obra jardiniana atravessam os limites (nem sempre tão visíveis) entre a Modernidade e a Pós.

A modernidade ficou marcada por uma série de experimentalismos – resquícios das Vanguardas –, embora alguns dos quais já não fossem novidades. Uma das mais sólidas (e inquietantes) conquistas no âmbito da narratividade foi a incorporação do “fluxo da consciência”, facultando maior liberdade ao narrador e às personagens ficcionais.

Apesar de haver, ainda, uma certa confusão entre a Modernidade e o Modernismo, podemos simplificar a questão ao seguinte: a 1ª corresponde a uma tomada de consciência do código estético, a uma nova postura litero-ideológica perante o mundo; o 2º é um movimento artístico iniciado nas primeiras décadas do século XX.

Fato semelhante ocorre com o fenômeno da Pós-Modernidade (ainda mais difícil de demarcar). A expressão “pós-modernidade” começou a ser usada na década de 50, no âmbito da Arquitetura, para designar uma proposta complexa e plural, soma de diferentes contribuições. O pós-moderno liga-se, portanto, ao pós-industrial e às novas tecnologias da informação e da comunicação. Para alguns críticos, entretanto, nos países subdesenvolvidos, as transformações nas ciências e nas artes (entre elas, a literatura) não atingiram de forma geral nem a modernidade nem a pós-modernidade. A pós-modernidade desdobra-se, pois, em vários “tempos” e várias “realidades” neo-contemporâneas, associados às condições histórico-literárias individuais de cada nação, de cada povo. Não é à toa que algumas características da Modernidade se (con)fundem com as da Pós.

A pós-modernidade literária abarca, portanto, no caso da Literatura Brasileira: as vanguardas tardias e todas as tendências contemporâneas. Conforme Tânia Pellegrini e Marina Ferreira (1996), entre as várias/ múltiplas características da pós-modernidade estão: a utilização de um código contraditório e labiríntico; a tomada de posições pluralistas, fragmentárias e inclusivistas; o fim do individualismo e a diluição das diferenças convencionais; a paródia da história; a exploração da arte cibernética; a eliminação da experiência subjetiva; etc. E muitas dessas características podem ser facilmente encontradas na obra jardiniana – que se encontraria, pois, à frente de seu tempo.

Uma das características mais marcantes da Pós-Modernidade é o desenvolvimento das narrativas curtas (conto e crônica); talvez pela brevidade, que muito bem se adequa ao espírito contemporâneo (ou àquilo que Italo Calvino (1990) denominou de “propostas” para um bom texto no novo milênio: Leveza, Rapidez, Exatidão, Visibilidade e Multiplicidade). E foi exatamente nesse gênero (o conto) que Luís Jardim abrilhantou nossa literatura (tão carente de bons contistas, àquela época).

Dotado de um estilo precioso, Luís Jardim traduz um desejo de nordestinidade com uma expressividade universal. Suas personagens são populares, mas delineadas por grande vigor; a abordagem dada às mesmas antecipara a introspecção psicológica que faria escola durante o nosso Regionalismo. Suas descrições são permeadas de uma plasticidade ímpar; suas narrativas, do talento de um contador. As paisagens refletem um pouco do Agreste e da infância, matizando os textos com o lirismo de sua cultura. Além disso, uma leveza poética e uma simplicidade lúdica dão os acordes finais à escritura desse pernambucano. Os textos de Luís Jardim perpassam, pois, a originalidade da erudição popular, com toda sua espontaneidade e carga imagética. Tais características marcam também a obra do argentino Julio Cortazar, por exemplo, um dos maiores contistas da contemporaneidade.

Maria Perigosa é um livro composto por treze contos. Todos eles apresentam uma densa homogeneidade temática, revelando situações típicas da região sertaneja/ agrestina. Além disso, a carga dramática revelada pela linguagem jardiniana fomenta o imaginário popular e a psicologia humana, através de narrativas e personagens muito bem entretecidos. O resultado é um leve teor tragicômico, que tece muito da ficção de Luís Jardim.

São flagrantes a inquietação, o desejo e a acomodação presentes em personagens como Lula ou Maria (em “Maria Perigosa”). Sonham acordados (como o Gonzaga, d’As confissões de meu tio Gonzaga) e fazem desses sonhos suas vidas: Maria, pequena órfã, sonhava com um dente de ouro – chegara a usar papeizinhos de cigarro nos dentes para imitar o ouro – e trocou o próprio corpo pelo dente (que cairia depois, e a faria voltar a sonhar, viver de lembranças). Lula, por sua vez, acreditava na existência de fadas e conversava com plantas e animais, na sua meninice garanhuense.

Tais características, que não abarcam toda a beleza das personagens, servem, pelo menos, para ilustrar o trabalho desenvolvido por Luís Jardim na evocação da psicologia e patologia humanas. É o resultado da utilização de uma linguagem enxuta e sugestiva, que se metamorfoseia, fragmentando-se e diluindo-se na constituição das narrativas. Até mesmo a subjetividade dos agentes ficcionais é plural: Quem nunca se flagrou sonhando acordado como Lula, Maria, Gonzaga,...?! Dessa forma, a estrutura aparentemente simples e despojada de “literatura” desistoriciza o texto, tornando-o um enigmático labirinto.

Quanto do inusitado, quase fantástico ou maravilhoso, percorre os contos de Maria Perigosa. São enigmáticas, por exemplo, as figuras do Capitão João Leite, e seu encorajador “chapéu-do-chile” (em “Coragem”), ou de Alípio, e seu (in)quieto cavalo Pirilampo (em “Coisas da noite”), que cruzam caminhos noturnos e são atordoados pelas surpresas do amanhecer; também as figuras non-sense do defunto Vicente dos Anjos, que adoenta o Ladrão Manuel Três Braças (em “O ladrão de cavalos”, e d’o homem que galopava, do qual se conhecia apenas a aparência e o cavalo (em “O homem que galopava”). O desejo de ultrapassar os limites, as serras, os horizontes faz com que Vicência se apaixone pelo aboio de João Toté, mas ao final resta-lhe o enceguecimento e o sonho desfeito (em “Paisagem perdida”).

São intrigantes, ainda a presença de personagens com o nome de Lula (apelido de Luís!) e de personagens-meninos. Há quatro aparições da personagem Lula; e sempre diversas nos quatro contos. Já os meninos parecem como narradores em três contos; num deles, é o próprio Lula (“A doideira”). A sensibilidade poético-infantil norteia as remembranças de Luís Jardim; o Agreste arvora-se e aflora nostalgia contagiante; mas, reflete as passagens e ficagens de toda infância, em qualquer lugar.

No conto “Conceição”, o sonho de Pedrinho (de crescer, para namorar a empregada) confunde-se com a própria realidade, como nos demais. Conceição alimenta os desejos do menino, aproveitando-se disso. Já em “O castigo”, o sobrenatural se interpõe à narrativa: o medo de ser castigado pelo “pecado” cometido faz com que Lula se submeta à dominação da irmã. O desfecho poético desmancha o clima inicialmente tenso, diluindo as diferenças.

Todos os contos exploram sobremaneira a imaginação das personagens, fazendo-as espelhar um universo bastante característico ao ser humano: seus sonhos – com todas as suas vontades e receios. Luís Jardim exerceu assim, com maestria, a redenção psicológica (humanística) da sensibilidade, da originalidade, da tirania, da inocência, enfim, da vida das suas personagens.

Nesta visão panorâmica, não podemos deixar de destacar o papel que a linguagem (a forma) assume em todos os textos de Luís Jardim: o comum não é tratado como um qualquer, mas como particular. A linguagem é quase uma personagem (uma para-personagem?!), que instiga o acompanhamento dos textos até o seu final; provocando, sujeitando-se, aliciando. O livro abre-se como um convite à novidade do trivial, ao inusitado do conhecido, caracterizando-se como um jogo plural e envolvente. Múltiplo, como os contos (e as personagens) de Maria Perigosa.

A força e a beleza dos textos de Luís Jardim só encontraram um emparelhamento, em Pernambuco, com as publicações de Hermilo Borba Filho e Osman Lins (que também se vêem pouco lembrados!). Por conta disso, urge o momento de revivermos e reverenciarmos o centenário e a pós-modernidade de Luís Jardim.

Referências:
CALVINO, Ítalo. Seis propostas para o próximo milênio. Trad. Ivo Barroso. São Paulo: Cia. das Letras, 1990.
GOMES, Lenice. “(Re)Vivendo Luís Jardim”. In: ANAIS do I Encontro Cultural do Agreste Pernambucano. Francisco Mesquita & José Ricardo Paes Barreto (Orgs.). Recife: Cia. Pacífica, 2001.
JARDIM, Luís. Maria Perigosa: contos. 6ª ed. ilust. Rio de Janeiro: José Olympio, 1981.
PELLEGRINI, Tânia & FERREIRA, Marina. Português: Palavra e Arte. São Paulo: Atual, 1996. vol.3.
* * * * *
* Artigo publicado na Revista Encontro, do Gabinete Português de Leitura.

Poesia e globalização, de Lêdo Ivo.

POESIA E GLOBALIZAÇÃO.*
Lêdo Ivo

Nos últimos tempos, tenho sido procurado por emissários das empresas que se propõem a efetuar, em relação a mim, uma operação salvadora; fazer com que eu tenha um site na Internet. Sustentam que só dessa maneira poderei assegurar ao meu trabalho o interesse ou o reconhecimento desse outro que não é mais o leitor identificável, mas o leitor virtual, um ente ao mesmo tempo mirífico e galáxico que, em todos os lugares do mundo, aciona um aparelho chamado mouse. Num tom amigável e até protetoral, alegam que, quem não está na Internet não existe.

Para inserir-me nesta nova ordem da comunicação planetária, na famigerada mídia eletrônica, sou convidado a praticar um ato de generosidade em relação a mim mesmo, financiando a minha inclusão na Internet, a qual, segundo os especialistas, obedece a uma tecnologia específica, e não pode ser praticada por leigos.

Vários sentimentos me salteiam, diante dessas propostas. Em primeiro lugar, sinto-me um excluído, já que sou um analfabeto eletrônico. É como se eu fosse um sem-terra literário, um sem-site. Tendo começado a minha trajetória de poeta nesta cidade do Recife, na longínqua década de 40, reconheço, após tanto trabalho, que semeei no vento e lavrei nas ondas do mar. Estou diante de um mundo que, para me acolher ou aceitar, exige que eu me renda a novas formas de comunicação e expressão, a novas linguagens. Exige mesmo que eu pague para entrar nele, uma vez que uma inclusão num site é uma custosa operação financeira.

Situado entre a inclusão e a exclusão, o site e o nada, sinto que, como poeta e homem, fui atingido pela nova e inarredável evidência do mundo: a globalização. Essa palavra, como quase todas, é polissêmica. Tanto significa a nova ordem transnacional que veio para dominar os estômagos e as mentes, como o conhecimento triunfante, a lição de que só a escalada da inteligência humana tem condições de mudar o mundo e gerar a História. E os que amam as imagens oceânicas, proclamam que ela é a quarta onda.

Vivemos a época da padronização. Os aeroportos, os hotéis, os supermercados, os postos de gasolina e as livrarias são iguais em todas as partes do mundo, obedecem a uma mesma disposição arquitetônica e nos infundem a sensação ao mesmo tempo gratificante e incômoda de que somos cidadãos do mundo. Mas, nas livrarias, os livros de poemas, colocados na prateleira mais baixa das estantes, nos advertem de que o papel do poeta nessa radiosa contemporaneidade sofreu vexatória mudança. Respiramos a época do mais vendido, seja um livro ou um detergente; e o livro de poemas emerge do seu lugar humílimo como a referência de um defunto. Onde estão os jovens poetas? A poesia é hoje uma atividade clandestina, um segredo de família.

Por outro lado, cabe não esquecer que, neste mundo globalizado e globalizador em que vivemos, todo mundo é escritor, mesmo os escritores. A expressão e a divulgação da experiência humana não se limita aos poetas e romancistas. Alcança os pilotos de prova, as manicures, as cortesãs, os gurus, os artistas da televisão. Assim, pergunto-me e pergunto: O que é ser escritor ou poeta no umbral deste milênio? E como ser escritor?

No plano editorial, avulta a evidência de que o livro – cuja morte de há muito vem sendo anunciada – perdeu a sua sacralidade, já não é mais o objeto clássico e solitário do nosso ofício. Recordo que o meu editor está por mim autorizado, por contrato, a publicar e comercializar a minha obra “... em quaisquer formatos e mídias existentes e conhecidos (...) exemplificadamente: livro, CD-ROM, CD, áudio, internet, disquetes, fita DAT, ‘e-book’ (livro eletrônico), ‘áudio book’, bem como quaisquer meios digitais, óticos ou magnéticos e processos ligados a ciência informática, em quaisquer línguas, para todos os países do mundo.”.

Essa clausula global, globalizante, globalizada e globalizadora, é desmesuradamente ambiciosa, deixa-me envaidecido. Tem uma promessa de planetariedade. A minha poesia, que fala de morcegos e goiamuns, das dunas e dos navios enferrujados de minha terra natal, poderá ser traduzida para o paquistanês. Mas, ao mesmo tempo que ela proporciona uma visão magnífica de mim mesmo aterroriza-me. Sinto que, no inesperado e indesejado rito de passagem da galáxia de Gutemberg para a editoração eletrônica e a Internet, a minha identidade se desfaz ou se desfolha. Deixo de ser eu mesmo. É como se eu necessitasse de ser fragmentado ou mesmo esquartejado para alcançar o outro lado do rio.

Site e mouse – diante desses anglicismos hoje universalizados (embora os portugueses tenham naturalizado o mouse eletrônico como rato), outro temor me abala: o de que pertenço a uma cultura ameaçada pela padronização e globalização. Sinto que a minha língua nativa está ameaçada pelo latim eletrônico, que é o inglês – ou mais precisamente o inglês dos Estados Unidos da América. Cada vez mais, o grande invasor está em toda parte. Perto da Academia Brasileira de Letras, há um camelô que atrai a clientela com a tabuleta “Hot dog – aceito tickets”. E é em inglês que viajo (faço a check-in) ou tiro dinheiro do banco.

Eu poderia alongar os meus temores e incertezas. Paro aqui. Limito-me a propor a este 2º Congresso Brasileiro de Escritores em Pernambuco as seguintes interrogações ou temas de debate:
1º) O que é ser escritor hoje? Como ser escritor?
2º) Como assegurar e proteger as nossas nacionalidades que são as somas de nossas regionalidades, as quais se expressam e são guardadas em nossas línguas nativas? Como defender e expandir a nossa originalidade, as nossas diferenças estéticas? Como ser e poder ser diverso e diferente no mundo globalizado?

Creio firmemente que há algo, no homem, do homem e para o homem, que só pode ser dito pela arte e criação poética. Sem a preservação de nossa dimensão de imaginariedade, a vida e o mundo seriam incompletos. Peçamos a Deus que o novo milênio não nos converta em dinossauros e sim em menestréis de um novo e admirável mundo novo.

* * * * *

* Palestra proferida na manhã do segundo dia do 2º Congresso Brasileiro de Escritores em Pernambuco, promovido pela UBE (União Brasileira de Escritores) – PE, que se realizou entre os dias 26 e 29 de setembro de 2000, no Mar Hotel, em Boa Viagem, Recife – PE. O texto foi gentilmente cedido pelo autor para o professor Francisco Mesquita... com o objetivo de ser divulgado na internet!!!

* * * * *

OBRA POÉTICA DE LÊDO IVO:
As imaginações. Rio de Janeiro: Pongetti, 1944.
Ode e elegia. Rio de Janeiro: Pongetti, 1945.
Acontecimento do soneto. Barcelona: O Livro Inconsútil, 1948. (2ªedição – incluindo Ode à noite – Rio de Janeiro: Orfeu, 1951. 3ª edição – Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1966).
Ode ao crepúsculo. Rio de Janeiro: Pongetti, 1948.
Cântico. Rio de Janeiro: José Olympio, 1951. (2ª edição – Rio de Janeiro: Orfeu, 1969).
Linguagem. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966. (2ª ed. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1966).
Ode equatorial. Niterói: Hipocampo, 1951.
Um brasileiro em Paris e O Rei da Europa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1955. (2ª ed. Rio de Janeiro: Orfeu, 1968).
Magias. Rio de Janeiro: Agir, 1960.
Uma lira dos vinte anos (contendo: As imaginações, Ode e elegia, Ode ao crepúsculo, Acontecimento do soneto e Ode à noite). Rio de Janeiro: São José, 1962.
Estação Central. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1964. (2ª ed. Rio de Janeiro: Orfeu, 1968).
Finisterra. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.
O sinal semafórico (contendo: de As imaginações a Estação central). Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.
O soldado raso. Recife: Pirata, 1980. (2a ed. – aumentada. São Paulo: Massao Ohno, 1988.)
A noite misteriosa. Rio de Janeiro: Record, 1982.
Calabar. Rio de Janeiro: Record, 1985.
Mar oceano. Rio de Janeiro: Record, 1987.
Crepúsculo. Rio de Janeiro: Record, 1990.

ANTOLOGIAS
Antologia poética. Rio de Janeiro: Leitura, 1965.
50 poemas escolhidos pelo autor. Rio de Janeiro: MEC, 1966.
Central poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976.
Os melhores poemas de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983. (2a ed. 1990).
Cem sonetos de amor. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987.
Antologia poética. (Org. Walmyr Ayala). Rio de Janeiro: Ediouro, 1991.

FOLCLORE

E POR FALAR EM FOLCLORE ...

Francisco Mesquita.
Professor, Poeta e Crítico Literário.

"Mais vale um hoje do que dois amanhãs."
(Ditado popular)

No final de 1997, tomamos conhecimento da existência de "Meu livro de Folclore", escrito por Ricardo Azevedo e publicado pela Editora Ática. Incorporado ao catálogo de livros infantis da Editora, o livro ultrapassa de largo tal classificação, alicerçando atividades de pesquisadores e curiosos do nosso folclore. Subtítulado "um punhado de literatura popular", o livro prima pela apresentação de textos que, apesar de serem de domínio público, se encontram em quase-esquecimento, devido à falta de cultivo de nossa sociedade pós-modernizada.

"Meu livro de Folclore" traz adivinhas, trovas, trava-línguas, parlendas, provérbios e frases-feitas, elementos indispensáveis à formação da sensibilidade cultural e poética de nossa infância e, também, necessários à nossa prática lingüística durante toda a vida. Além disto, o livro traz contos diversos: de encanto, de esperteza, de riso, de susto. Textos cujo teor poético assoma-se à beleza popular que o motiva, tornando-os particularmente próximos daqueles que se preocupam com sua Identidade (cultural, lingüística, ideológica, folclórica). Há de se destacar, ainda, neste livro, a leveza brincante das ilustrações feitas pelo próprio Autor.

Ao final, afirma Ricardo Azevedo: "com este livro, tentei compor um minúsculo painel mostrando, pelo menos um pouco, a poesia, o encanto, o mistério, a sabedoria, a malícia e a alegria de um dos inúmeros aspectos do folclore: a 'literatura' popular." (p.71). O livro constitui-se, enfim, num brilhante exemplo de resgate da cultura folclórica de nosso país - tão rico em manifestações, que seria difícil enumerá-las por completo.

E, por falar em Folclore... qual não foi nossa surpresa: Em meados deste ano surge o "Armazém do Folclore". Em dimensão maior ("Armazém"), Ricardo Azevedo publica pela Editora Ática diversas "braçadas" de literatura/popular; pois, amplia de uma maneira muito fértil e producente a proposta do "Meu livro de Folclore", intensificando e modificando os elementos já citados e acrescentando um grande número de outras manifestações folclóricas.

Assim, são acrescidas: quadrinhas, novas versões de contos populares, lendas, receitas, brincadeiras com a linguagem (língua do P, por exemplo), interpretações de provérbios e frases-feitas, etc.. São 125 páginas ilustradas, fruto de um estudo árduo de manutenção da sabedoria popular, da qual emana o folclore. Para o Autor, o "Armazém do Folclore" é "um riquíssimo depósito de conhecimento humano a respeito da vida e do mundo, criado a partir de uma forma de pensar ao mesmo tempo pragmática, intuitiva, lúdica e corporal, sempre atual e em permanente estado de recriação." (p.127).

Sem dúvidas, a utilização destes dois livros na escola, entre tantos, tende a se tornar um vigoroso antídoto cultural contra as mesmices da globalização e, também, um precioso instrumento para auxiliar a preservação e a recriação destes elementos (cada vez mais escassos na boca do povo). "Meu livro de Folclore" e "Armazém do Folclore" são livros dignos de louvor... e leitura. Todavia, são textos cuja circulação não deve ser estrita à escola, devem avançar em direção aos leitores e pesquisadores de todo o país; seguindo os passos de Veríssimo de Melo e Câmara Cascudo, entre poucos. Autores cuja sensibilidade poética alia-se ao interesse pelas raízes folclóricas e manifestações culturais de nosso povo - Brasil.

Nos limites entre o popular e o infantil, o folclore passeia e encanta; faz-nos sentir o prazer de uma vivência (nunca morta!) tolhida, escondida, pela pressa-cotidiana, constituindo-se num rico acervo de "humanidade". Por isso, a relevância (e urgência) destes dois livros.

E por falar em folclore ... "O que é, o que é, que está no começo do meio, no meio do começo e no término do fim?".

* * * * *

segunda-feira, 12 de julho de 2010

PÓS-GRADUAÇÃO

Amplie seus horizontes... faça pós-graduação na FUNESO.

A Fundação de Ensino Superior de Olinda - FUNESO está com inscrições abertas para novas turmas dos seus cursos de pós-graduação lato sensu (Especialização).

Essas novas turmas deverão ter início em agosto de 2010.

Mais informações no site
www.funeso.com.br ou pelo telefone 3054-1984.

As pré-inscrições podem ser feitas pelo site da FUNESO e confirmadas posteriormente na própria IES, no momento da matrícula.


Cursos de Pós-Graduação da FUNESO:
Arte e Educação
Ciência Política
Ciências Ambientais
Educação e Matemática
Educação Especial
Geografia, Análise Ambiental e Gestão Territorial
Gestão Estratégica de Pessoas em Ambientes de Mudança
História da África
História do Brasil Contemporâneo
História do Nordeste
Lingüística do Texto e do Discurso (*)
Marketing e Comunicação
Microbiologia
Parasitologia Humana
Pedagogia Empresarial
Petróleo e Gás
Práticas Pedagogicas Aplicadas à Língua Portuguesa (*)
Psicopedagogia
Saúde Coletiva com Ênfase na Estratégia Saúde da Família
UTI - Unidade Terapia Intensiva.

(*) Cursos coordenados pelo professor Francisco Mesquita. (Área: Letras)

VESTIBULAR 2010.2

A Fundação de Ensino Superior de Olinda - FUNESO está com inscrições abertas para o Vestibular 2010.2.
Estão sendo oferecidas vagas para os seguintes cursos:
Administração,
Biologia,
Enfermagem,
Fonoaudiologia,
Geografia,
História,
Letras (Português/Inglês)
Matemática e
Pedagogia.
As inscrições estendem-se até 15 de julho de 2010, nas Agências do Banco HSBC - Agências Olinda e Boa Vista - Recife, ao valor de R$ 40,00 (Enfermagem) e R$ 20,00 (demais cursos).
E as provas acontecem nos dias 17/07 (para o curso de Enfermagem) e 18/07 (para os demais cursos).
As mensalidades custam a partir de R$ 168,46.
Mais informações no site: www. funeso.com.br ou pelo telefone 3054-1977.

EnCena... O Contador de Histórias Contemporâneo

PROGRAMAÇÃO:

22 de julho - ABERTURA
Local: TEATRO JOAQUIM CARDOSO - Rua Benfica, 157 / Madalena

19h.30. UM JEITO POÉTICO DE BRINCAR (danças circulares) com Marucia Coelho
20h. Entre Águas - poemas na voz de Clenira de Melo - Elaine Bonfim - Lenice Gomes
20h20. EnCena - O Contador de Histórias Contemporâneo.
Convidados: Giba Pedrosa: Contador de Histórias (SP)
Cristina Lopes: Arteterapeuta (PE)

21h.20. Narração de Contos com Giba Pedrosa - Cristina Lopes

23 e 24 de julho
OFICINAS - Giba Pedrosa
Horário: 9h-13h
Local: Livraria Paulinas - Rua Frei Caneca 59 Loja 1 Recife\PE
Fone: (081) 32245812/ 32246609.

As inscrições para as oficinas deverão ser realizadas no espaço da Livraria Paulinas e também pelo email: cia.andarilhas@gmail.com
VALOR: 20,00 Vagas limitadas
Informações: Lenice Gomes – 81 9174 8663 Clenira de Melo – 9252 1640

ou pelo e-mail: cia.andarilhas@gmail.com.

Piadinha da internet!!!

"Havia certa vez um homem navegando com seu balão, por um lugar desconhecido. Ele estava completamente perdido, e qual grande foi sua surpresa quando encontrou uma pessoa...
Ao reduzir um pouco a altitude do balão, em uma distância de 10m aproximadamente, ele gritou para a pessoa:
- Ei, você aí , aonde eu estou?
E então a jovem respondeu:
- Você está num balão a 10 m de altura!
Então o homem fez outra pergunta: - Você é professora, não é?
A moça respondeu: - Sim... Puxa! Como o senhor adivinhou?
E o homem: - É simples, Você me deu uma resposta tecnicamente correta, mas que não me serve para nada...
Então a professora pergunta: - O senhor é secretário da educação, não é?
E o homem: - Sou... Como você adivinhou???
E a Professora: - Simples: o senhor está completamente perdido, não sabe fazer nada e ainda quer colocar a culpa no professor."
(Texto circula pela internet, via e-mails.)